sábado, 17 de dezembro de 2011

Por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? (Lucas 6.46)



A palavra senhor não tem hoje o mesmo significado de quando Jesus se achava na terra. Naquela época, ela significava autoridade máxima, o numero um, o homem que estava acima de todos os outros, o dono de toda a criação. O vocábulo grego Kurios (que significa senhor) com inicial minúscula era usado pelos escravos ao se dirigirem a seus amos. A mesma palavra, com inicial maiúscula, era aplicada a apenas uma pessoa em todo o Império Romano – a César. Em verdade, quando os funcionários públicos ou soldados se encontravam na rua, tinham que saudar uns aos outros com as palavras: “César é o Senhor” E a resposta invariavelmente era: “Sim, César é o Senhor!”
Por isso, os cristãos tiveram que enfrentas um grande problema. Sempre que alguém os saudava com estas palavras; “César é o Senhor!”, eles respondiam: “Não, Jesus Cristo é o Senhor.” Em pouco tempo, tal pratica começou a causar-lhes dificuldades. A verdade é que César sabia que o que os cristãos diziam na realidade, é que eles estavam sujeitos a um outros tipo de autoridade, e que na balança de suas vidas, Jesus Cristo pesava mais que César.
O que eles diziam realmente era: “César, você pode contar conosco, mas se formos forçados a fazer uma escolha, preferiremos Jesus. Ele é o Senhor, nossa autoridade maxima”. Não é de se admirar que César perseguisse os cristãos. O evangelho apresenta Jesus como o Rei, Senhor, como autoridade máxima.
Temos ouvido falar de um outro evangelho – um evangelho cujo centro é o homem, um evangelho humano. É o evangelho da oferta tentadora; o evangelho da venda fácil; o evangelho do negócio vantajoso que ninguém pode recusas. Costumamos dizer as pessoas: “ Se vocês aceitarem a Jesus, vocês terão alegria, paz, saúde, prosperidade... Se derem a Jesus cem reais, receberão de volta duzentos.” Estamos sempre apelando para os interesses humanos. Jesus é o Salvador, a cura para nosso corpo, é o Rei que virá para mim. Este “mim” é o centro de nosso evangelho. Quando o pastor prepara o programa de culto, ele não pensa em Deus, mas apenas em seus ouvintes. “No primeiro hino a congregação fica em pé; no segundo, ficará assentada, para que as pessoas não se cansem. Em seguida, teremos um dueto para modificar um pouco a atmosfera; depois faremos outra coisa. E o culto não deve passar de uma hora para que o povo não se fatigue.” Onde é que está Jesus, o Senhor? Jesus Cristo não é o ópio. Ele é Senhor. Quando ele se dirige a nós na qualidade de Senhor, temos que ir ao seu encontro e entregar-lhe nossa vida, obedecer as suas ordens.
Seria muito interessante, se, durante um congresso de teólogos, eles chegassem a conclusão de que não existe mais céu nem inferno. Quantas pessoas permaneceriam em suas igrejas depois que tal descoberta fosse divulgada? A maioria sairia. “Se não existe nem céu nem inferno, para que estou vindo aqui?” Elas tem freqüentado a igreja apenas por atender a seus próprios interesses – para curarem, para escaparem do inferno, para chegarem ao céu.
Em Lucas 12.32, lemos o seguinte:
“Não temais, ó pequenino rebanho; por que vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino;” Este verso é altamente apreciado. Mas, e o verso seguinte: “Vendei vossos bens e daí esmolas?” O verso 32 encontra-se em nosso quinto evangelho, mas o 33 não – e ele é uma ordenança de Jesus. Os mandamentos de Deus não são optativos, você faz se quiser, mas se não quiser está tudo certo também. Não PE assim o evangelho do Reino de Deus.
Jesus disse: “Buscai em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mt. 6.33) Que coisas são estas? O contexto é claro: Alimento, vestuário, habitação – as coisas essenciais da vida. Muitas pessoas ficam pedindo a Deus: “Senhor, dá-me isto”, ou “Senhor, Dá-me aquilo”. O motivo por que não as possuem é que não buscam o reino de Deus em primeiro lugar. Eu tenho que buscar apenas o reino de Deus, e depois irei olhar ao meu redor e ficar espantado.
Isto significa que meu conceito de valores tem que ser modificado inteiramente. Eu não estudo na universidade para obter um diploma; vou lá para estender o Reino de Cristo,e a seu serviço. E, de passagem obtenho o diploma.
Não trabalho na Ford Motores para ganhar a vida. Trabalho lá porque Deus quer conquistar aquele pedacinho de terreno; quer que um de seus servos conquiste para Ele. Se assim não for, é melhor que eu pare de clamar seu nome, já que Jesus diz: “por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?”

Livro: O discípulo;
Autor: Juan Carlos Ortiz;
Editora Betânia.

Nenhum comentário: